março 29, 2016

Biografia Nísia Floresta

Olá pessoal, tudo bem?
O mês de março está quase acabando, mas ainda é tempo de falarmos sobre mulheres. E por isso, hoje trago uma biografia muito bacana.


Talvez poucos saibam, mas quando se fala em feminismo no Brasil, um dos principais nomes do pioneirismo pela luta dos direitos das mulheres que existe é o de Nísia Floresta. Vamos conhecê-la?

A educadora, escritora e poetisa nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Nísia é o final de seu nome de batismo. Floresta, o nome do sítio onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta.


A exuberância natural litorânea do lugar onde Nísia nasceu, na região metropolitana de Natal, contrasta com a sua paisagem social. Para citar somente um dado, perversa ironia para a cidade que leva o nome de uma paladina Brasileira da educação: quase um quarto da população do município com mais de 15 anos de idade não é alfabetizada (Censo 2010 do IBGE). Nísia Floresta compreendia as razões para isso. No Opúsculo Humanitário (1853), explica que sem uma “educação esclarecida, mais facilmente os homens se submetem ao absolutismo de seus governantes”. 

Município de Nísia Floresta - localização

Nísia dá seus primeiros passos na literatura com a publicação de uma série de artigos sobre a condição feminina em um jornal pernambucano. Logo após vai para o Rio Grande do Sul dirigir um colégio para meninas. Com o advento da Guerra dos Farrapos, Nísia se muda para o Rio de Janeiro, onde dirige os colégios Brasil e Augusto, reconhecidos pelo alto nível de ensino. 

A Brasileira Augusta lutou, em especial, pela educação para as mulheres. Não se contentou com a tradução livre, aos 22 anos, do livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens“. Insatisfeita com a falta de acesso, a má qualidade e a perspectiva patriarcal do ensino para as meninas, criou em 1838 uma escola para elas. Enquanto outras escolas para mulheres preocupavam-se basicamente com costura e boas maneiras, a de Nísia ensinava línguas, ciências naturais e sociais, matemática e artes, além de desenvolver métodos pedagógicos inovadores.

Em 1849, leva a filha, que se acidentou gravemente, para a Europa, fixando-se em Paris. Em 1853, publicou Opúsculo Humanitário, uma coleção de artigos sobre a emancipação feminina. 

Nísia participou das campanhas abolicionista e republicana ao longo de praticamente toda a sua vida. Denunciou também a devastadora opressão colonial contra os povos indígenas, em livros como "A lágrima de um caeté”, de 1849, poema épico de 39 páginas que em sua segunda parte tem como pano de fundo a Revolução Praieira (Pernambuco, 1848-50).


Esteve de volta ao Brasil entre 1872 e 1875, mas pouco se sabe de sua vida nesse período. Em 1878, publica seu último trabalho: Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques. 

Nísia faleceu em Rouen, na França, aos 75 anos, em 24 de abril de 1885, de pneumonia. Seus restos mortais só foram trazidos ao Brasil quase 70 anos depois, em 1954, e foram enterrados no sítio onde nascera, na cidade que fora rebatizada de Nísia Floresta logo após a sua morte.

Túmulo de Nísia Floresta
Sua mais completa biografia - Nísia Floresta: Vida e Obra - foi escrita por Constância Lima Duarte, em 1995. Um livro de 365 páginas, editado pela Editora Universitária (da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) que, em 1991, havia sido apresentado como Tese de Douturamento em Literatura Brasileira da autora, na USP/SP.

Nota:

"Um dos traços evidentes da herança colonial brasileira é o quanto desconhecemos ou menosprezamos intelectuais do Brasil, da América Latina e do “Sul” global. Como consequência, o vício eurocêntrico de reproduzir acriticamente modelos, projetos e discursos pouco enraizados na história do nosso país nos privou de conhecer melhor uma grande intelectual nordestina do século XIX, que pensou o Brasil a partir das lutas de mulheres, abolicionistas e indígenas, e pôs em prática uma pedagogia feminista libertadora. Causas que permanecem, hoje, no centro de qualquer projeto revolucionário que mereça esse nome." (João Telésforo).

Ai gente, me emociona tanto falar de pessoas assim, que subvertem. Cara, ela foi amiga de Auguste Comte!!! Ela escreveu o primeiro livro feminista do país e tem gente que nunca ouviu falar dela. Espero que tenham gostado dessa postagem que tenta apresentar a vocês um pouco da história dessa grande mulher.

Até a próxima!!!
 
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