junho 19, 2017

Resenha 8/17: Ele Está de Volta

Olá pessoal, tudo bem?
Quem conferiu o Li Até a Página 100 já sabe um pouco sobre a resenha de hoje.


Uma leitura que dividiu opiniões e que por isso me deixou curiosa. Por isso, agora trago para vocês, minhas impressões sobre essa leitura tão polêmica.


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Sinopse: Berlim, 2011. Adolf Hitler acorda num terreno baldio. Vivo.

As coisas mudaram: não há mais Eva Braun, nem partido nazista, nem guerra. Hitler mal pode identificar sua amada pátria, infestada de imigrantes e governada por uma mulher. As pessoas, claro, o reconhecem — como um imitador talentoso que se recusa a sair do personagem. Até que o impensável acontece: o discurso de Hitler torna-se um viral, um campeão de audiência no YouTube, ele ganha o próprio programa de televisão e todos querem ouvi-lo. Tudo isso enquanto tenta convencer as pessoas de que sim, ele é realmente quem diz ser, e, sim, ele quer mesmo dizer o que está dizendo. Ele está de volta é uma sátira mordaz sobre a sociedade contemporânea governada pela mídia. Uma história bizarramente inteligente, bizarramente engraçada e bizarramente plausível contada pela perspectiva de um personagem repulsivo, carismático e até mesmo ridículo, mas indiscutivelmente marcante.


Título: Ele Está de Volta | Autor: Timur Vermes | Ano: 2014 | Gênero: Romance de ficção | Editora: Intrínseca


Como o título e capa bem sugerem, o livro trata do retorno de uma personalidade nada querida pelo mundo. Será? Não é fácil imaginar qual seria a reação do mundo diante do retorno de ninguém menos Adolf Hitler, como se ele tivesse viajado no tempo e chegasse nos dias de hoje tal qual ele era na década 1940. Parece absurdo? Aqui veremos que nem tanto.

“Também não pode ser diferente, pois o leitor que por anos, até mesmo décadas da minha ausência, foi empanturrado com uma concepção histórica marxista disfarçada, vinda do caldeirão da democracia, talvez não seja capaz de, mergulhado nesse caldo, olhar além da borda do próprio prato.”

Hitler acorda em um parque no ano de 2011, um pouco desnorteado por não lembrar como chegou ali, mas logo se dá conta que a Alemanha está em paz e vivendo em uma democracia, que acolhe estrangeiros e possui uma mulher como chefe de Estado. Tudo um tanto absurdo para ele, mas após ser acolhido pelo dono de uma banca de jornais, ele logo vai se inteirando dos assuntos atuais e começa a traçar novos objetivos.

“Eu podia apenas esperar que esse analfabetismo fosse da corja esquerdista, mas como a legibilidade das mensagens durante o meu caminho não mudava nunca, tive que supor que atrás delas possivelmente também se escondiam informações importantes como “Acorde Alemanha” e “Sieg Heil”, a saudação nazista.”

Uma das coisas que acaba sendo interessante nessa trama é que ao se deparar com a figura de Adolf Hitler vestido com seu uniforme da SS, as reações das pessoas são as mais diversas. Há quem o xingue, quem o cumprimente e quem não acredite que alguém possa querer se parecer com o que se pode considerar como o câncer alemão da Segunda Guerra. De fato, pense você, como seria sua reação...

“Pois onde a voz do sangue puro se eleva, até mesmo Himmler tem que calar.”

O fato é que a aparência e forma de se portar e falar desse homem começa a atrair atenções e ele é apresentado a um produtor de TV que o leva a um programa de televisão, onde ele usa de sua eloquência tão conhecida para tecer comentários sobre suas impressões sobre a Alemanha atual que acaba de redescobrir. E dentre as diversas críticas e opiniões divergente sobre um personagem tão controverso, Hitler ganha espaço na TV e se torna uma celebridade.

“Numa observação mais precisa, não consigo ver nada de ruim nisto: de acordo com antigo ideal de educação espartano, a dificuldade inexorável culmina em crianças e povos ainda mais fortes, e um inverno de fome, queimando impiedosamente na memória de uma nação, fará de forma muito mais duradoura que no futuro ela se preocupe antes de perder outra guerra mundial.”

Eu não duvido que esse é um cenário bem possível, visto o que vemos na nossa política atual, o espetáculo midiático para atrair fama, dinheiro e votos tem levado pessoas inteligentes a se tornarem reféns de discursos inflamados de paixão, ódio e corrupção financiados pela mídia. E o enredo criado pelo autor faz uma crítica contundente sobre o funcionamento da política mundial atual, e sim, utiliza um humor sarcástico, pesado e repleto de preconceito para desmascarar nossa realidade.

“Só uma coisa era satisfatória: o judeu alemão, mesmo após sessenta anos, continuava extinto.”

A história se desenrola em torno da ascensão do Hitler, tomando o poder através da mídia, tornando-se uma personalidade com opiniões controversas, mas que conquista simpatizantes e adeptos de suas ideias nada modernas. É como se estivéssemos diante de uma involução de um país marcado pelo Holocausto, que sofreu todos os horrores e nos dias de hoje ainda se deixa influenciar por um discurso inflamado e bonito. 

“É sempre a mesma coisa: todos estão convencidos de que ratos devem ser combatidos, mas quando é necessário fazer isso, a compaixão com a ratazana solitária é grande. Que fique entendido: apenas a compaixão com a ratazana e não o desejo de ficar com ela.”

Enfim, o desfecho do livro não tem surpresas, não é algo extraordinário, mas nos deixa bem aterrorizados ao pensar que não apenas Hitler está de volta, mas que veio para ficar e para implantar sua ideologia, suas ideias e dar continuidade ao seu governo, tudo isso corroborado pela imprensa e pelas pessoas que já não o odeiam, mas o admiram e desejam-lhe vida longa. 

“O povo sempre ama o vencedor que é capaz de resistir, que sabe se defender, que afugenta uma pessoa dessas com o mesmo esforço que usaria para afastar uma mosca inconveniente.”

Bom, espero que tenham curtido a resenha. Desculpem se não fui muito imparcial na minha opinião política, mas foi difícil não fazer esse contraponto.

Até a próxima!!
 
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