outubro 21, 2015

Resenha: Toda Luz Que Não Podemos Ver

Olá pessoal, tudo bem?
Hoje trago a resenha de um livro que desde que o vi na turnê Intrínseca me despertou um verdadeiro fascino pela premissa dele e assim que pude comprei. Eu deveria ter lido ele durante a Maratona de Inverno, mas por ser muito longo, acabei não tendo tempo para iniciar a leitura e a oportunidade veio agora. Vamos saber mais sobre ele.

Image and video hosting by TinyPic Sinopse: Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.

Título: Toda Luz Que Não Podemos Ver | Autor: Anthony Doerr | Ano: 2015 | Gênero: Drama, ficção | Editora: Intrínseca
Avaliação: 
Image and video hosting by TinyPic

O livro conta duas histórias distintas, a de Marie-Laurie e de Werner, dividido em vários períodos que se intercalam, desde 1934 até 2014, contando desde a infância de nossos personagens até o ápice da guerra, quando eles se encontram.

“Abram os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre.”

Marie-Laure é uma garota francesa que ficou cega aos seis anos e vive com seu pai, um chaveiro do museu de história natural e que constrói para a filha a maquete do bairro onde moram, a fim de ensiná-la a ser independente. Quando a guerra começa, eles se mudam para cidade fortificada de Saint-Malo no norte da França, onde o pai de Marie-Laure carrega consigo um valioso - e perigoso - tesouro.

“Ela caminha como uma bailarina calçando sapatilhas, os pés tão articulados quanto as mãos, uma pequena figura cheia de graça se movendo no meio da neblina.”

Werner é um garoto alemão, órfão que vive com sua irmã em um orfanato em uma região de minas. Sempre muito curioso, ele encontra um velho rádio quebrado e a partir daí começa a escrever sua história, consertando e estudando as peças e engrenagens que tornam aquele objeto tão fascinante. Logo ele é levado para a escola alemã de formação de soldados e passa a trabalhar com um professor em uma laboratório desenvolvendo suas habilidades de engenheiro elétrico.

“Ele tinha uma presença tão apagada. Era como estar em uma sala com uma pena. Mas a alma dele brilhava com uma bondade fundamental.”

A sinopse nos oferece uma visão geral da história, mas é preciso ler para conseguir se aprofundar em cada detalhe colocado pelo autor. Por ser uma história longa que perpassa tantos anos é de se imaginar que em alguns momentos a narrativa se arraste e acabe cansando o leitor. Porém, isso não acontece, pois a cada virada de página a gente quer ler cada vez mais, não apenas pela história em si, mas pela forma que o autor a conduz. 

“A própria vida de qualquer criatura é uma centelha que logo se esvai em uma escuridão impenetrável. Essa é a verdade de Deus.”

O pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial e apesar de toda a carga que o tema traz, Anthony Doerr consegue transformar as passagens mais sombrias como se fosse uma ópera, de forma intensa, mas poética, lírica e muito comovente, mostrando o sofrimento provocado pela guerra em todas as suas vertentes. Ele não foca apenas no sofrimento dos judeus, como muitos livros sobre a guerra, mas nos civis e também nas crianças alemãs que foram transformadas em soldados, nas pessoas que foram presas e escravizadas, naqueles que tentavam de alguma forma lutar pela paz. 

“Rádio: ele une milhões de ouvidos a uma única boca. Pelos auto-falantes espalhados por toda a Zollverein, a voz sincopada do Reich cresce como uma árvore impassível; seus súditos se inclinam em direção aos seus galhos como se fossem em direção aos lábios de Deus.”

Eu fiquei realmente encantada com a escrita do autor, cheia de metáforas, repleta de detalhes que conferiram ao enredo uma atmosfera de fantasia, especialmente ao contextualizar a forma como Marie-Laure "enxergava" o mundo, através dos sons, dos cheiros e do toque, de coisas que nós não somos capazes de perceber com os olhos. 

“Não basta apenas fechar os olhos para tentar descobrir o que é a cegueira.”

Os personagens secundários são riquíssimos, cada um deles com seus problemas, seus medos e suas histórias pessoais que tornaram a leitura ainda mais interessante. O autor não desperdiçou criatividade em criar cada um deles e, além dos protagonistas, cada um possui uma vida independente que ao final, se volta ao contexto da trama para fechar o livro.

“O que a guerra faz com os sonhadores?”

Apesar de tudo isso, acho que criei muitas expectativas com o final da história e apesar de ter sido completo, redondo, me decepcionou um pouco. Talvez por eu esperar algum acontecimento fantástico, ou uma reviravolta que mudasse alguns acontecimentos, o desfecho se desenrolou de uma forma muito normal, sem rodeios, sem surpresas, apenas acabou. Feliz? Não para mim.

“Se os mortos marchassem em fila indiana, por onze dias e onze noites eles passariam pela nossa porta.”

Outra coisa que me incomodou foram os erros de revisão que começaram a surgir do meio pro final do livro, que não atrapalharam a leitura, mas ficou parecendo que o trabalho do revisor foi decaindo com o passar das páginas, como se ele tivesse se cansado e deixado de revisar algumas páginas. Fora isso, a edição é linda, bem simples, mas com letras em bom tamanho, páginas porosas e amareladas, uma capa linda que remete bem a história. Um livro quase perfeito.

Bom, é isso. Gostaria de ter trazido uma resenha 100% positiva, mas algumas coisas deixaram a desejar tanto na edição como no enredo. Ainda assim, recomendo muito a leitura, me peguei encantada com a escrita e com os detalhes da história, ela realmente encanta.

Essa resenha também estará disponível no Skoob e no Orelha de Livro.

Até a próxima!!!
 
© Ventos do Outono | 2016 | Todos os Direitos Reservados | Criado por: Luciana Martinho | Tecnologia Blogger. imagem-logo