dezembro 19, 2015

Resenha: O Diário de Anne Frank

Olá gente linda, tudo bem?
Hoje, trago para vocês a resenha da minha primeira leitura do projeto Livro Viajante, o qual estou participando junto com outras amigas blogueiras. Se quiser conhecer o projeto veja aqui a postagem de apresentação.


Então, o livro que eu recebi para ler e resenhar foi O Diário de Anne Frank um clássico da literatura mundial que eu já queria ler há algum tempo, inclusive comprei a edição especial, da qual falarei mais a frente. Quem ficou de me encaminhar os livros foi a Luciana do blog Lu Martinho, que apesar de esse livro não ter sido sua primeira escolha, acredito que tenha sido muito feliz. Agora chega de conversa e vamos a resenha!

Sinopse: 12 de junho de 1942 – 1º de agosto de 1944. Ao longo deste período, a jovem Anne Frank escreveu em seu diário toda a tensão que a família Frank sofreu durante a Segunda Guerra Mundial. Ao fim de longos dias de silêncio e medo aterrorizante, eles foram descobertos pelos nazistas e deportados para campos de concentração. Anne inicialmente foi para Auschwitz, e mais tarde para Bergen-Belsen. A força da narrativa de Anne, com impressionantes relatos das atrocidades e horrores cometidos contra os judeus, faz deste livro um precioso documento. Seu diário já foi traduzido para 67 línguas, e é um dos livros mais lidos do mundo. Ele destaca sentimentos, aflições e pequenas alegrias de uma vida incomum, problemas da transformação da menina em mulher, o despertar do amor, a fé inabalável na religião e, principalmente, revela a rara nobreza de um espírito amadurecido no sofrimento. Um retrato da menina por trás do mito.

Título: O Diário de Anne Frank | Autor: Anne Frank, 
Otto Frank e Mirjam PresslerAno: 2014 | Gênero: Biografia | Editora: Best Bolso | Onde Comprar:Saraiva, Amazon




Acho que o livro dispensa apresentações, afinal, esse é relato mais original de um judeu durante a segunda guerra mundial, uma história que chocou, emocionou e encantou muitos leitores, pois foi escrito por uma menina que infelizmente não viveu para ver seu legado ultrapassar o tempo e as fronteiras.

Por ser um diário, o livro é todo narrado em primeira pessoa pela Anne Frank que tem apenas 13 anos de idade. Ela é tão cheia de personalidade que até nomeia seu diário e este se torna um grande confidente para todas as suas histórias, tristezas, angústias e alegrias. Tudo foi registrado com muita verdade e coragem da Anne, em se abrir tão facilmente para o papel ao usar de todo seu talento para a escrita, como ela própria faz questão de ressaltar.


“Sou minha crítica mais feroz. Sei o que é bom e o que não é. A não ser que você escreva, não saberá como é maravilhoso; eu sempre reclamava de não conseguir desenhar, mas agora me sinto felicíssima por saber escrever.”

Sim, a personalidade forte da Anne fica muito evidente, o que nos faz imaginar uma garota presunçosa e mimada que por força das circunstâncias precisa conviver confinada em um sótão com mais 7 pessoas durante dois anos, perdendo sua privacidade, amigos e caprichos que a liberdade lhe proporcionavam. É impossível não
se colocar no lugar dessa menina que abandonou sua casa, amigos, escola e teve como único amigo verdadeiro um diário... que viria a eternizar seu nome e sua história.


“Eu me escondi dentro de mim, pensei somente em mim e tranquilamente escrevi no diário sobre toda a minha alegria, o meu sarcasmo e a minha tristeza.”

No decorrer da leitura nós vamos descobrindo a rotina no esconderijo. Descrito em detalhes pela Anne, além do croqui do sótão, conhecemos todos os moradores do anexo secreto, suas caraterísticas, personalidades, qualidades e defeitos, e a sua relação conturbada com sua mãe, cuja ausência de carinho e atenção para com a filha a fez apegar-se mais o pai e tê-lo como referência de família. Além disso, Anne tem uma mente muito inquieta e por falta do que fazer passa dias criticando todos da casa, falando pelos cotovelos e gerando muita irritação a todos que acabam sempre a repreendendo. Como se já não fosse difícil a vida privada de liberdade, a comida rateada e limitada, o pouco espaço, as diferenças de opiniões, brigas e disputas permeavam a convivência daquelas pessoas, cujo único objetivo em comum era sobreviver a guerra, mantendo-se firmes na fé e na esperança.


“Vejo nós oito, no Anexo, como se fôssemos um retalho de céu azul rodeado por nuvens negras e ameaçadoras.”

É notável o quanto foi difícil o que essas pessoas passaram enquanto estiveram confinadas, sem saber o que esperar do futuro, se é que havia futuro. Os momentos angustiantes narrados pela Anne, demonstram o pavor de não saber o que acontecia a sua volta, pois eles sequer podiam abrir as janelas. E cada som de aviões, bombas e tiros eram sentidos como se fossem os últimos, pois eles sempre estavam esperando pelo pior. E conhecer cada uma dessa pessoas vivendo ali em seu sofrimento, através da visão de uma adolescente, descritas em detalhes é muito comovente. 


“Um dia rimos do lado cômico da vida no esconderijo, e no dia seguinte (e há muitos dias assim) estamos apavorados, e o medo, a tensão e o desespero podem ser lidos em nossos rostos.”

A vida no esconderijo seguia uma rotina que ia além dos afazeres domésticos, as crianças precisavam estudar para poder voltar a escola após a guerra, aprender outros idiomas, além de cursos que serviam para manter a mente ocupada. Esses cursos eram feitos por correspondência e traziam um pouco de normalidade a vida no esconderijo. E toda a ligação deles com o mundo exterior era feita através de bons amigos, pois a família Frank, Dussel e os Van Daan, recebiam ajuda de pessoas que eu vejo como anjos, que fizeram de tudo para manter em segurança oito pessoas, trazendo comida, notícias do mundo lá fora, livros, roupas, presentes. Essas pessoas fizeram com que aquele pequeno grupo recebessem um pouco da dignidade que Hitler lhes tirou ao declarar guerra aos judeus.


“Excelentes espécimes da humanidade, esses alemães, e pensar que na verdade sou um deles! Não, isso não é verdade, Hitler retirou nossa nacionalidade há muito tempo.”

E como toda adolescente, Anne também tem seus momentos de intimidade registrados no diário, como a chegada de suas regras, o primeiro amor, e sua relação com Peter Van Dann, o filho da família que dividia o esconderijo com eles. Uma amizade que poderia ter se tornado algo maior, não fosse toda a contradição da situação que também os uniu. 


“Acho que a primavera está dentro de mim.”

Bom, acho que já falei demais, não é? Apesar de o livro ser infanto-juvenil, narrado por uma adolescente, os relatos apresentados por Anne Frank são densos, comoventes, angustiantes em alguns momentos, rico em detalhes e de uma maturidade que nos faz pensar no quanto essa menina cresceu durante esses dois anos, pois a Anne que começa a escrever o diário, não é a mesma que termina e com certeza não é a mesma que morreu em um campo de concentração nazista. E o mais legal é saber que pelo menos um de seus muitos sonhos se tornou realidade.


“Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte!”

Não tenho o que falar sobre a edição, tendo em vista que o livro foi comprado para o projeto, ou seja, é uma edição de bolso, com páginas brancas e letra miúda, mas tenho que dar o crédito por contar o texto integral, visto que algumas edições mais antigas ocultaram algumas passagens. 

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Uma das regras do projeto era a liberdade de grifar, marcar enfim, e eu grifei minhas muitas passagens favoritas com caneta rosa traço fino, além de ter anotado no final a data de início e final da leitura.

Bônus:

Como falei no início, eu havia comprado a edição especial do Diário de Anne Frank, mas acabei lendo outra edição por causa do projeto, então trouxe algumas imagens do livro para vocês conhecerem.

A capa imita o diário original usado pela Anne Frank, algumas imagens com trechos na caligrafia original, bem como fotos de todos os "personagens" e até do esconderijo.


Espero que tenham gostado da resenha, não sei se contei spoilers, apesar de eu achar que sou a única no mundo que ainda não tinha lido esse livro, enfim... O livro agora segue para as mãos da Déborah do blog Lisossomos.

Até a próxima!
 
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