abril 21, 2016

Mulheres Que Não Sabem Chorar

Olá pessoal, tudo bem?
Hoje é dia de resenha de parceria aqui no VO. Posso dizer que é uma leitura muito especial, oriunda da parceria com a autora Lilian Farias e tenho certeza que muitos vão querer conhecer.


Assim que vi a postagem sobre o interesse da autora em firmar parceria com blogueiras, logo fui conferir a sinopse do livro e de imediato entrei em contato com ela. Sua obra trata de temas tão atuais, mas que ainda são tabu para nossa sociedade patriarcal e machista. Sendo assim, fiquei muito feliz em poder ler e falar sobre ela com vocês.


Sinopse: A vida de Marisa é regida pelo controle. Seja à frente do seu trabalho ou da vida dos filhos, ela é racional, mantendo-se sempre fria, um ser à parte das banalidades, cuja única preocupação é ser um exemplo. Olga é sua antítese. Sentimentos à flor da pele, dor flagelando a carne, pensamentos embaçados pelo esquecimento proporcionado pelo álcool. Sozinha, preocupa-se em apenas ser, em um mundo cercado por fatos que não reconhece mais como seus. Enquanto isso, Ana e Verônica esbarram com o acaso. Duas senhoras solitárias, vizinhas e antagônicas. Será que um dia alguém acharia que poderiam viver em paz? Mais ainda, será que poderiam se apaixonar? Duas jovens livres e independentes. O que as impede de ficar juntas?

Título: Mulheres Que Não Sabem Chorar | Autora: Lilian Farias | Ano: 2016 | Gênero: Drama | Editora: Giz | Onde Comprar: Amazon


O livro conta a história de mulheres que sofrem, que estudam, trabalham, cuidam dos filhos, que amam, que lutam por redenção... Nos vamos conhecer Olga, Marisa, Verônica, Ana... mulheres com histórias de vida marcadas pelo preconceito, pelo abuso, pela violência, simplesmente por serem mulheres. Como a história foca muito na vida dessas personagens, a gente realmente se sente na pele e na vida delas, sentindo-se como elas, descobrindo o prazer, a dor  e o amor junto com elas. 

“Eu vou narrar o que sei dessa história, contar para todas as mulheres por que devemos chorar, por que devemos esvaziar como uma nuvem cinzenta de chuva que precipita.”

Marisa é uma mulher controladora que tem sua vida regrada e sem emoções. Divorciada, vê os filhos irem morar na Europa a deixando só com seu trabalho, parte muito importante de sua vida certinha. Já Olga, sua vizinha, é o oposto, alcoólatra, viu seu marido deixá-la após os muitos vexames que passou com a esposa bêbada e para completar tirou-lhe a guarda da filha e a deixou só com a bebida. Enquanto Ana é uma jovem universitária que apesar de todos os seus problemas, ainda busca ajudar os outros e por causa disso passou por algumas situações ruins. Ela conhece Verônica, uma linda jovem que tenta ajudá-la, mas que não sabe como lidar com a forma como Ana se comporta. Verônica é casada com outra moça, mas não vê problemas em se aproximar de Ana que parece precisar de uma amiga.

“Toda nós, independente do modo que nos reconhecemos como mulheres, carregamos um mundo em nossas entranhas.”

E assim, mesclando capítulos em terceira pessoa com capítulos em primeira, narrados pelas próprias personagens, adentramos no passado, presente e futuro dessas mulheres que se reprimiram, que se descobriram, que sofreram, que lutaram, amaram, mas que não aprenderam a chorar em meio a tantas formas de violência que sofreram. Eu não saberia dizer qual das personagens me tocou mais, me chocou mais. E o interessante é que cada uma dessas mulheres são baseadas em mulheres reais, com histórias de vida idênticas as que são contadas nesse livro. Isso foi o que mais me comoveu, foi o que muitas vezes me levou as lágrimas ao imaginar quantas mulheres no mundo passam por isso ou por coisas piores.


“Ela há muito se perdera em algum lugar dos seus desejos, bem como seus desejos perderam-se em algum lugar da sua existência.”

Eu não quero entrar em detalhes do enredo, pois tiraria de você, leitor, o sentimento que me consumiu durante a leitura, em alguns momentos foi difícil continuar lendo, apesar da escrita marcante da autora, quase poética em alguns momentos, mas muito real, muito crua e sem mascarar nada ela nos preenche com essa sensação de que somos nós que estamos sendo narradas ali. 


“acontece que o belo é irresistível aos olhos e ao toque. Olga era uma estrela ao meu alcance, uma rosa sem espinhos.”

Por mais que nossas vidas não tenham nada a ver com a daquelas personagens, é impossível não se colocar em seus lugares, sentir o vazio, as dores e tudo que envolve o enredo dessa história. A Lilian preocupou-se muito em nos aproximar das personagens, em nos mostrar todos os ângulos, todas as nuances e cores e formas de cada personagem.

“Continuei fumando meu cigarro e sentindo meu corpo se contrair, arbitrariamente e descontrolado de prazer.”

O desfecho é bem marcante, as histórias se fundem em um determinado momento e você se depara com a evolução e decadência de algumas personagens.


“Nossos defeitos podem ser o que nos protege do mundo, não precisamos nos libertar deles, precisamos aprender a conviver com eles sem nos ferir, exatamente como os espinhos das rosas.”

Falando sobre a edição, ficou muito linda, a capa, os detalhes entre capítulos, os nomes das flores em cada capítulo que tem todo um significado para cada momento da trama. As folhas são amareladas, fonte em bom tamanho e apesar de ser um livro de 206 páginas, a história é densa e muito intensa. Quase não encontrei erros de revisão e destaquei várias citações.


“Com minhas mãos calejadas de dor, pegar os ossos delas e soprar vida quando necessário, para que elas também soprem vida em mim.”

Queria agradecer a autora pela confiança, eu sabia que essa leitura seria marcante, mas confesso que me surpreendeu muito, na forma como ela conseguir unir os personagens e conceder a cada um deles personalidades e histórias de vida que retratam uma dura realidade.

Espero que vocês tenham curtido a resenha. Talvez algumas pessoas não gostem do tema, por tratar de mulheres homossexuais, mas espero que todas tenham curiosidade de conhecer um pouco mais sobre esse universo e perceber que não é muito diferente do universo hetero ou que há alguma anormalidade nesse tipo de relação.

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Até a próxima!
 
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