maio 17, 2016

A Escrava Isaura e o Vampiro

Olá pessoal, tudo bem?
Hoje é dia de resenha!!!


Eu ganhei esse livro no Top Comentarista do blog da minha querida Deby Araújo e eu não sabia muito o que esperar desse livro ao ler o título, pois parecia inconcebível unir um clássico da literatura nacional com algo saído de uma mente do tipo Bran Stoker, e por incrível que pareça, não esperava por uma comédia ácida, cheia de críticas sociais e políticas, e personagens quase mitológicos.

Sinopse: Uma história de amor e vampiros como você nunca imaginou! "Muita gente pensa e até espera que um livro escrito por mim, Jovane Nunes, e que fale de uma escrava seja um livro de humor negro. Não! Isso é preconceito. Este livro é de humor afrodescendente, além de ser, também, um livro de terror. Esta obra horripilante é baseada em fatos mentirosos e qualquer semelhança com a realidade é mera criação do autor. Digo isso para fugir de qualquer tipo de reclamação na justiça. Meus advogados e a própria editora me aconselharam a tomar esse cuidado. É possível que algum vampiro se sinta prejudicado em sua imagem e queira me processar. Quando a isso, deixo claro que não tenho nada contra os vampiros. Particularmente, não gosto de beber sangue, mas não tenho nada contra quem faz isso socialmente. Declaro também que não tenho qualquer objeção a nenhum tipo de zumbi, nenhum deles jamais me aborreceu. Também não tenho amigos que sejam lobisomens e nenhum deles me importunou, nem mesmo uivado no meu quintal para tirar o meu sono.
Título: A Escrava Isaura e o Vampiro | Autores: Bernardo Guimarães e Jovane Nunes | Ano: 2010 | Gênero: Comédia | Editora: Lua de Papel | Onde Comprar: Amazon

O autor incia a história justificando a escolha pelo romantismo para contar essa história e se utiliza de algumas referências da linguagem arcaica, nos fazendo crer que estamos lendo um livro de época, mas que na verdade passa longe da realidade do período, relatando a vida de Isaura na fazenda de Leôncio, cujo filho, o futuro vampiro brasileiro está na Europa estudando.

“Viajamos dez mil quilômetros nas asas da imaginação e, como um raio que atravessa as galáxias, cá estamos em Portugal, na bela Coimbra, lugar onde Leôncio Filho foi matar a sua sede de conhecimento buscando água fresca que é a sabedoria na nascente que é a universidade.”

Uma das coisas mais divertidas da leitura, é o diálogo direto do autor com o leitor, buscando interagir conosco e tentando explicar o inexplicável de forma cômica, pois insere vários elementos modernos a trama, além de citar personalidades da atualidade para contextualizar e enriquecer o enredo.

“A essa altura do campeonato, eu e você, leitor, não estamos preocupados com quem matou quem ou com a solução de algum mistério, o que nos importa é apenas o romântico e suave som que sai da sala da casa-grande.”

É impossível não cair na gargalhada durante alguns momentos, especialmente quando o vampiro passa por alguma situação inusitada ou que foge ao seu controle, como por exemplo, perder os dentes. Como ele poderia continuar vampiro sem sua principal arma? Além disso, Isaura não é nada daquela moça recatada e ingênua que a gente imagina, ela é uma misto de feminista com heroína épica e vai lutar por sua liberdade o tempo todo.

“O sangue jorrava como se fosse a fonte luminosa da praça da República.”

O livro é bem diferente de tudo que você já leu, mas não espere um vampiro tradicional, visto que nosso Leôncio não tem nada das características de um verdadeiro Drácula, bem como todos os outros personagens que parecem ter saído de diversos outros livros e se juntado nessa história.

“Leôncio, certo de que estava arrasando, foi até o gramofone e colocou um disco do Wando.”

O livro é bem curtinho, dá para ler em uma tarde. É bem despretensioso,  então não espere por uma história profunda, cheia de drama e terror, muito pelo contrário, o autor coloca na trama muito humor para deixar a leitura leve e descontraída, mesmo quando faz piada com a política ou com a recorrente discussão racista daquele momento histórico.

“Se a vida de escrava naquele tempo já era difícil, imagine como seria hoje para Isaura, ela não poderia nem se beneficiar do sistema de cotas da universidade.”

Eu amei a capa desse livro, é linda, pois remete a uma edição de época. As páginas são amareladas, a fonte é um pouco menor que o padrão, mas não chega a incomodar a leitura. Só percebi um ou dois errinhos, mas de pontuação mesmo que não interferiram no entendimento do texto.

Gente, eu selecionei várias citações engraçadíssimas, mas não deu para postar todas, senão ficaria muito poluído o texto. Mas espero que tenha curtido a resenha e indico para quem gosta desse gênero tão inovador.

Até a próxima!!!
 
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