maio 25, 2016

Uma Vida Para Sempre

Olá pessoal, tudo bem?
Lembram do projeto Livro Viajante? Não neh, pois é, a vida anda tão corrida que essa ideia foi se perdendo pelo caminho, mas...


Há algumas semanas recebi da Luciana Martinho o livro escolhido pela Tatiana Petraccone e logo vi que era um livro especial para ela, pois ela enviou o seu original, autografado pela própria autora!!! Fiquei com dó de grifá-lo, então apenas usei marcadores, que são removíveis. Aliás, muitos marcadores rs.


Sinopse: Ethel diz estar morrendo. Contudo, não afirma isso apenas em razão de sua doença. Talvez a única certeza de nossa existência seja a morte, o fato de que ela chega para todos. Mas nem por isso deixa de ser a maior incógnita da vida.Em um hospital, em meio à dor das histórias dos pacientes, Ethel encontrou amigos. Entre passeios em cemitérios, frequentando velórios e enterros de estranhos, ela tenta preparar a si e aqueles que ama, para o que parece estar ali tão próximo, o fim. Entretanto, não esperava enfrentar algumas surpresas que a fizessem duvidar de tal preparação. As estatísticas ruins, a inexorável passagem do tempo. Onde reside a lógica disso que nos arranca pedaços, da súbita inexistência do que outrora era vívido e pulsante? Um corpo que jaz. Palavras que se perdem. A finitude de tudo o que é tão belo talvez seja a maior dor do mundo. Uma vida para sempre é um compilado de desejos, pensamentos e dias. Quanto dura o para sempre? Ethel descobriu.

Título: Uma Vida Para Sempre | Autor: Simone Taietti | Ano: 2014 | Gênero: Sick-Lit | Editora: Novo Século | Onde Comprar: Amazon


Ethel está morrendo. Ela é uma garota de 17 anos que possui CIPA (Insensibilidade Congênita a Dor com Anidrose), uma doença rara que gera vários transtornos a vida de seu portador e de acordo com as pesquisas da garota, não vivem mais do que 20 anos, pois podem ser acometidos por outras doenças e traumas, que pela insensibilidade a dor, não são diagnosticadas a tempo de serem tratadas.


“Em um mundo em que muitos lutam para mostrarem-se diferentes da grande maioria, acredite, eu não me sinto nem um pouco lisonjeada por ter sido laureada com tal raríssima condição.”

Ela vive com sua mãe, após a morte do pai, que ainda é muito presente em suas lembranças. Esse acontecimento fez com que dona Edite se tornasse uma mãe super-protetora, impedindo que a filha saia de casa sozinha, trabalhe, enfim, que tenha uma vida normal. A rotina de Ethel fora de casa se resume a idas ao hospital onde faz fisioterapia e avaliações médicas periódicas. E é lá, onde estão seus únicos amigos: Max, um garoto de 9 anos com Neuroblastoma; Gertrud, uma senhora de 81 anos que frequenta o hospital para fazer hemodiálise; e os médicos e enfermeiros cujos nomes ela sabe decorado.


“Criar uma redoma e fechar o cerco parece muito mais plausível, mais seguro do que ficar exposto, principalmente ao mal que representa a pena alheia.”

Em um determinado momento, ela vai conhecer Vitor, um garoto que está em tratamento para Leucemia. Logo eles irão se tornar amigos e ele fará com que Ethel, cuja vida é dedicada a visitas a cemitérios, velórios e estudos sobre a morte iminente, passe a enxergar a vida e a morte de uma outra forma e, viverão um lindo romance, repleto de provações.


“Eu preciso de alguém que me ajude a lutar e não que tente a todos o momento me tirar da linha de frente.”

Bom, o livro é narrado em primeira pessoa pela Ethel através das páginas de seu diário, e a ambientação do livro é toda voltada para doenças, morte e sofrimento, não apenas dos protagonistas, mas de todos os personagens que vão compor essa trama. Mas a autora foi muito feliz na forma como conduziu a história, sem deixá-la pesada, sempre intercalando os momentos mais sombrios com momentos de leveza e descontração. Além disso, o livro é bem informativo sobre as doenças que são citadas no livro, o que acaba servindo para ajudar a salvar vidas.

“Todos gostariam de ser Deus ao menos algumas horas uma vez na vida.”

Eu não sou a maior fã desse gênero, mas tenho lido alguns livros e é impossível não se comover, se apegar e desejar fazer alguma coisa para amenizar o sofrimento daqueles que precisam passar por isso, sejam os próprios acometidos por alguma doença ou seus familiares e amigos. E o que a gente encontra no livro, são pessoas que estão vivendo nessas condições, sofrendo com a espera do pior. Ethel, que poderia tentar aproveitar cada momento de vida que lhe resta, tem a preocupação de fazer com que sua mãe não sofra tanto quanto sofreu com a morte do pai. Uma atitude nobre, mas que não justifica suas atitudes.

“Será que eu poderia processar Deus por ter me presenteado com uma imperfeição? Seu representante legal deve ser o Papa, não é mesmo? Acho que ficaríamos milionários.”

Enquanto o romance entre Ethel e Vitor aflora, nós vamos acompanhando a rotina de todos os personagens, como a amiga Catarina que havia se afastado, mas que volta a fazer parte do restrito círculo de amizade de Ethel. E juntos, esse grupo estranho de pessoas vai tentar levar algum tipo de mensagem aos outros e acabam trocando experiências enriquecedoras. Essa parte foi a minha preferida. Foi quando a história me comoveu e me fez enxergar ali pessoas reais.


“É tão triste quando tudo acaba sem nem mesmo ter chegado ao fim.”

Uma das coisas que não gostei, e acho que isso acaba sendo recorrente em livros com temáticas parecidas, foi a semelhança com um outro livro bem famoso, pois apesar de serem situações diferentes e personagens com personalidades bem distintas, é impossível não encontrar elementos parecidos, como se uma história inspirasse a outra e esta acabasse se tornando um remake.


“Era como se as folhas de outono estivessem caindo em meios à nossa tristeza, pelas lembranças.”

Dos personagens, meu preferido com certeza foi Gertrud, com sua sabedoria e jovialidade, mostrou que havia muito mais por trás da sua tatuagem de flores e de tanta sabedoria. Gostaria de ter a oportunidade de conhecer alguém como ela. Vitor também é um garoto especial, que vai viver seus últimos(?) momentos da melhor forma, com a ajuda de Ethel que ao realizar os desejos dele, acaba também sendo presenteada com uma vida da qual ela já havia desistido.


“Os sorrisos dele me faziam pensar em uma tentativa de ligar o continente americano ao africano.”

A mensagem do livro é muito linda, emocionante e o final acaba surpreendendo, mas não de uma forma extraordinária, já que o contexto de todo o enredo nos leva a esperar pelo que pode, ou não, acontecer. Ao final, além das palavras escritas pela Ethel no diário, temos pequenos trechos escritos pelos outros personagens, deixando claro que a vida continua e que é possível superar toda dor.


“O tempo não cura. Jamais. Isso é impossível.”

A edição é bem simples, a imagem da capa não me remete a história, mas é delicada e singela. Não encontrei erros de revisão, as páginas são amareladas e a fonte em tamanho confortável. Foi impossível não selecionar muitos quotes, pela ótima escrita da autora que está de parabéns.

Só quero dizer a Tati, que a foi uma ótima escolha, apesar de achar maldade nos fazer sofrer tanto. Fui tão boa escolhendo um livro juvenil e tal e vocês me fazem uma coisam dessas!!! kkkkk

Até a próxima!!
 
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