março 25, 2017

Resenha 3/17: Precisamos Falar Sobre Kevin

Olá pessoal,
o fato de estar de licença médica me recuperando de uma cirurgia me deu a oportunidade de me dedicar mais a leitura e as séries que tanto queria tempo de assistir.


E por isso, hoje trago mais uma resenha para vocês.


Clique para comprar
Sinopse: Lionel Shriver realiza uma espécie de genealogia do assassínio ao criar na ficção uma chacina similar a tantas provocadas por jovens em escolas americanas. Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos.
Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem.
Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o "sociopata inatingível" que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.
a

Título: Precisamos Falar Sobre Kevin | Autor: Lionel Shriver | Ano:  2007 | Gênero: Romance, Ficção | Editora: Intrínseca


Quem acompanha o blog deve ter visto o post Li Até a Página 100, onde eu falei sobre as primeiras impressões do livro. É fato, que essa era uma leitura que queria fazer a tempos e foi um pouco decepcionante quando comecei a ler e vi que a narrativa se dava em forma de cartas, escritas pela mãe do Kevin, Eva Katchadourian.


“Eu não era corajosa, mas era teimosa e tinha orgulho de sobra. A obstinação pura e simples é mais durável que a coragem, embora não seja tão bonita.”

Decepcionante porque sempre esperei por uma narrativa mais imparcial, que narrasse os fatos e a tragédia causada por um adolescente, bem como seus motivos. Esperava algo mais jornalístico, sabe... Por isso, demorei um pouco a me acostumar com a forma como a trama ocorreu.


“Atrocidade parece coisa tirada de jornal, incidente é minimizar de forma escandalosa, quase obscena, o que houve...”

Na verdade, o início do livro é bem chato, Eva vive só,após o ocorrido e escreve cartas para o marido ausente, como forma de manter um diálogo sobre os motivos que levaram seu filho a cometer tamanho atrocidade. Ela fala de como está sua vida atual e podemos ver o quanto mudou após a "quinta-feira".


“Antes de ser mãe, eu imaginava que ter uma criança pequena do lado seria mais menos como ser dona de um cãozinho alegre e companheiro, mas nosso filho tinha uma presença muito mais densa que qualquer bicho de estimação.”

Eva, era uma mulher rica, bem casada, empresária de um guia de viagens de grande sucesso. Ela vivia viajando para conhecer lugares novos e parecia não sentir falta da maternidade, até que seu casamento pareceu estar estagnado e para agradar o esposo resolveu engravidar. Mas quando Kevin nasceu, a sombra do arrependimento parecia pairar sobre a vida antes perfeita de Eva Katchadourian, afinal, Kevin estava longe de ser uma criança comum.


“E será que um feto tem sentimentos? Eu não tinha como antever que continuaria fazendo essa mesma pergunta a respeito de Kevin quinze anos depois.”

Durante as cartas, eva fala sobre vários assuntos, e a cada novo capítulo ela trazia uma história sobre o Kevin, os problemas com as babás, o choro histérico e insistente, o fato de só ter começado a falar aos cinca anos e ter deixado de usar fralda somente aos seis, coisas que ele não via como natural, mas uma forma do filho de afrontá-la. Em compensação, a sintonia do Kevin com o pai é totalmente diferente, de forma que a relação do casal começa a se desgastar devido as constantes discussões sobre o comportamento inadequando do Kevin.



“’Dentro de casa’, eu disse. ‘O equivalente a dois hectares e meio do planeta. Mas, mesmo ali, quem não tinha como se proteger da influência nociva de Kevin era eu.’”

Esses acontecimentos começam de forma sutil, mas do meio pro final do livro, vão se tornando mais pesados e constantes e começamos a perceber a personalidade psicopata do Kevin até o desfecho. E é claro que estamos lendo a visão da mãe, e podemos achar que ela era uma mulher paranoica e problemática, mas é impossível não se colocar ao lado dela, tendo em vista todos os acontecimentos. Ela enquanto mãe, era quem estava sempre perto e conhecia bem o filho para observar suas atitudes e ao mesmo tempo, enquanto mãe, não conseguia conceber que seu filho fosse um potencial assassino.


“Pensar em se ‘divertir’ como o nosso filho era como tentar imaginar uma viagem realmente sensacional junto com uma pedra de estimação.”

A surpresa vem no final do livro e é bem angustiante saber o quanto Eva foi castigada por tudo que o filho fez. E percebemos, que a história não é sobre Kevin, mas sobre Eva, a mãe.


“No entanto, não existe razão para viver sem ter um filho, como poderia haver razão para viver tendo um? Responder uma vida com uma vida sucessiva é apenas transferir o ônus do propósito para a geração seguinte.”

Eu também vi o filme, que diferente do livro se passa através de fragmentos, do passado e do presente, mas retrata os acontecimentos narrados no livro, em menor escala, é claro, deixando de fora alguns detalhes importantes para a história. Quem quiser conferir o filme, ele está disponível no Netflix.

Espero que tenham curtido a resenha. 

Até a próxima!!!
 
© Ventos do Outono | 2016 | Todos os Direitos Reservados | Criado por: Luciana Martinho | Tecnologia Blogger. imagem-logo